Bentley nasceu com o cérebro fora do crânio |
Os pais de Bentley, Sierra e Dustin, ambos com 25 anos, descobriram que havia algo errado quando a mãe foi fazer um exame ultrassom de rotina de 22 semanas. Ainda no útero, ele foi diagnosticado com uma rara condição chamada encefalocele, na qual partes do cérebro “vazam” por brechas responsáveis desenvolvimento do crânio. Eles então foram informados que dificilmente o bebê sobreviveria após o nascimento, ou, se ele sobrevivesse, não teria um cérebro funcional, seria incompatível com a vida.
“Nós não tínhamos nenhuma esperança.” Os pais estavam relutantes em interromper a gravidez, pois queriam pelo menos ter uma chance de vê-lo vivo antes de dizer adeus.
Para a surpresa de todos, Bentley nasceu em 31 de outubro de 2015, chutando e chorando como todas as crianças. Após as primeiras 36 horas, Sierra e Dustin tiveram de levá-lo para casa com a única roupa que tinham comprado para o garoto. Com o passar das semanas e meses, Bentley continuou engatinhando. Seu único problema foi uma infecção nos pulmões.
Detalhe do cérebro de Bentley. Imagem por Boston Children’s Hospital |
Apesar de partes críticas do cérebro estarem fora de sua cabeça, Bentley se desenvolveu normalmente. Continuou a crescer e chorava quando tinha fome. Os médicos estavam incrédulos e insistiram que o crescimento acima da cabeça era apenas “tecido danificado”, e “e não havia possibilidade de essa parte do cérebro estar funcionando”, no entanto, o comportamento e a trajetória de Bentley sugeriam o contrário.
Quando Bentley completou quatro meses, Sierra e Dustin o levaram para uma clínica em Cleveland onde um cirurgião concluiu que o garoto estava usando seu cérebro normalmente, mas os alertou que poderia não ser possível colocá-lo de volta no crânio.
Sierra e Dustin Yoder com Bentley antes da cirurgia. Imagem por Katherine C. Cohen/Boston Children’s Hospital |
De lá, eles procuraram o doutor John Meara, do Hospital Infantil de Boston, cuja equipe cirúrgica já teve experiência com encefalocele. Após analisarem Bentley, os cirurgiões perceberam que as partes de seu cérebro localizadas na parte externa não poderiam ser removidas, pois elas são responsáveis pelas funções cognitivas, como funções motoras, visão e de resolução de problemas. O cérebro precisava entrar dentro da cabeça. Então, eles pensaram em um plano.
Bentley Yoder antes da operação de reconstrução. Imagem por Katherine C. Cohen/Boston Children’s Hospital |
Usando modelos feitos em impressora 3D, os cirurgiões planejaram e praticaram o procedimento. Bentley tinha 100 centímetros cúbicos de cérebro fora do crânio, então os cirurgiões tiveram de expandir seu crânio para acomodar. Antes da cirurgia, Meara conseguiu trabalhar em um modelo plástico da cabeça. Ele conseguiu fatiar e enviou o material de volta a um laboratório para avaliar quanto de matéria cerebral a sua equipe conseguiria encaixar dentro do crânio.
Antes da operação, os médicos praticaram os procedimentos para a cirurgia usando modelos feitos em impressoras 3D. Imagem por Katherine C. Cohen/Boston Children’s Hospital |
A cirurgia começou em 24 de maio. A data foi cuidadosamente escolhida, pois o cérebro de Bentley já estava resistente o suficiente para aguentar a cirurgia; se o procedimento fosse feito em outra data, a encefalocele poderia sofrer uma ruptura. Os cirurgiões fizeram uma série de cortes no crânio e delicadamente colocaram o cérebro dentro da cabeça. Os pedaços restantes de osso foram usados para fechar o buraco. O processo todo levou cerca de seis horas. A cirurgia foi um sucesso, embora Bentley teve de retornar ao hospital para uma série de análises e para colocar uma espécie de desvio para drenar o excesso de fluído de seu cérebro.
Bentley após a operação. Sua mãe diz que ele consegue manter o peso de sua própria cabeça e que o garoto tem comido, sorrido e balbuciando. |
Quase um mês após a cirurgia, Bentley parece estar bem, mas ninguém sabe o que pode acontecer no futuro. É provável que sua visão seja prejudicada, mas ainda não está claro até que ponto. Ele vai começar a fazer fisioterapia no próximo mês. “Como o cérebro dele é diferente, nós não conseguimos comparar ele com outros”, disse Sierra ao Washington Post. “Nós só temos que cuidar dele passo a passo.”
Fonte: GizModo
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