domingo, 21 de junho de 2020

O mistério do Evento de Tunguska, ocorrido em 1908

Já fazem 66 milhões de anos que o último cometa se chocou com a Terra e extinguiu os dinossauros, mas todo dia milhares de pequenos meteoros entram na atmosfera terrestre e de tempos em tempos alguns com tamanhos maiores são atraídos para o planeta causando fenômenos que surpreendem a humanidade. Há mais de 100 anos atrás ocorreu um desses impressionantes fenômenos e que ainda hoje causa especulações e teorias sobre a queda do meteoro. Esse fenômeno que intriga a humanidade até hoje é chamado de Evento de Tunguska.

Foto de 1927 mostra árvores caídas após o Evento de Tunguska que ocorreu em 1908

Era por volta de 7 horas da manhã do dia 30 de Junho de 1908 quando os moradores da região da Sibéria, na Rússia, próximo ao rio Podkamennaya Tunguska, viram uma coluna de luz azulada, uma bola de fogo, quase tão brilhante quanto o Sol cortando o céu. Em seguida ocorreu uma grande explosão e mais de 2150 km² de floresta foram destruídos, além disso estima-se que provocou um terremoto de 5 graus na escala Richter. A explosão foi tão grande que as pessoas ouviram e foram jogadas ao chão pela onda de choque mesmo estando a mais de 60 km de distância e foi detectada por estações sísmicas na Eurásia. Nos dias seguintes ao evento os céus da Rússia e da Europa ficaram brilhantes durante a noite e com um pôr do sol colorido.

Mapa mostra a localização(ponto vermelho) do Evento de Tunguska

Desde o evento se criou um grande mistério sobre o que realmente teria acontecido em Tunguska, isso porque, embora a enorme explosão e destruição causada, não foi encontrada nenhuma cratera no local e nem mesmo pedaços do meteoro. Desde então muitas teorias surgiram.

Uma dessas teorias diz que o objeto que explodiu em Tunguska era um cometa de gelo que foi evaporizado na entrada na atmosfera e na explosão, o que explicaria o fato de não ter sido encontrado uma cratera nem pedaços dele.

Já uma teoria mais recente diz que o evento foi causado por um asteroide que era de ferro e passou apenas raspando pela Terra entre 10 e 15 km de altitude, a uma velocidade de 72 mil km/h, a destruição da floresta teria sido causada pela onda de choque da passagem do asteroide, que teria voltado ao espaço sem se partir.

Durante muito tempo a teoria mais aceita indicava que o meteorito de Tunguska tinha cerca de 36 metros de diâmetro, entrou na atmosfera da Sibéria e explodiu no céu, sua velocidade foi estimada em 53 mil km/h, a temperatura atingiu 24 mil ºC e não houve cratera porque a maior parte do meteorito foi consumida durante a entrada na atmosfera.

Foto de 1927 mostra a destruição da floresta causada pelo Evento de Tunguska

Em um estudo recente, usando simulações de computador e baseando-se nos relatos de testemunhas, na destruição causada, na ausência de cratera e usando um dos últimos modelos matemáticos, que descreve realisticamente como meteoritos se desintegram e queimam na atmosfera, cientistas da NASA e russos puderam calcular a potência aproximada da explosão, a velocidade, o tamanho, a massa e a densidade do asteroide. Segundo os cientistas, foram calculados 50 milhões de cenários e concluíram que o asteroide de Tunguska era maior do que o que se estimava antes, ele tinha cerca de 75 metros de diâmetro, sua explosão tinha a potência aproximada de uma bomba atômica de cerca de 20 megatons, ele provavelmente se desintegrou e explodiu a uma altitude entre 12 e 17 quilômetros, dando à zona afetada um diâmetro entre 5 e 12 quilômetros.

Mas há também quem diga que o Evento de Tunguska foi na verdade o resultado de um experimento feito por Nikola Tesla. Segundo essa teoria, Tesla estaria fazendo experimentos com energia eletromagnética em seu laboratório nos Estados Unidos, a milhares de quilômetros de distância de Tunguska.

Árvores derrubadas pelo Evento de Tunguska, foto de 1929

O testemunho de S. Semenov, que estava a 65 km da explosão, à expedição de Leonid Kulik em 1930 mostra como ocorreu o evento:

"Na hora do café da manhã, eu estava sentado ao lado da casa no Posto Comercial Vanavara [65 quilômetros ao sul da explosão], voltado para o norte. […] De repente eu vi isso diretamente ao norte, sobre a estrada Tunguska de Onkoul, o céu se partiu em dois e o fogo apareceu alto e largo sobre a floresta [como Semenov mostrou, cerca de 50 graus acima - nota de expedição]. A divisão no céu cresceu e todo o lado norte estava coberto de fogo. Naquele momento fiquei tão quente que não pude suportar, como se minha camisa estivesse em chamas; do lado norte, onde o fogo estava, veio um forte calor. Eu queria arrancar minha camisa e jogá-la, mas então o céu se fechou e um baque forte soou e eu fui arremessado alguns metros adiante. Eu perdi meus sentidos por um momento, mas então minha esposa correu e me levou para a casa. Depois disso veio um ruído, como se pedras estivessem caindo ou canhões disparassem, a Terra tremeu e, quando eu estava no chão, pressionei minha cabeça para baixo, temendo que as pedras a esmagassem. Quando o céu se abriu, um vento quente correu entre as casas, como se viessem de canhões, que deixaram rastros no chão como caminhos e danificaram algumas colheitas. Mais tarde, vimos que muitas janelas estavam quebradas e, no celeiro, uma parte da fechadura de ferro se partiu."

Segundo cientistas do Instituto SETI (EUA) e russos do Instituto de Astronomia e do Instituto da Dinâmica da Geosfera da Academia de Ciências da Rússia, apenas cerca de 30 pessoas estavam na zona da queda do meteorito, eles chegaram a essa conclusão analisando mais de 700 relatos feitos por testemunhas, incluindo as histórias dos criadores de renas, registradas por pesquisadores soviéticos. Nos relatos foram mencionadas os nomes de quase dois mil habitantes da região da Sibéria Oriental, com base nisso os cientistas acreditam que apenas 30 estavam na zona da queda. Nenhuma morte em razão da queda do asteroide foi confirmada.

Estima-se que um evento como o de Tunguska ocorra na Terra a cada 300 anos.

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