sábado, 18 de julho de 2020

Bonnie e Clyde, o casal de criminosos que tocou o terror nos Estados Unidos na década de 1930

Na primeira metade da década de 1930 a região central dos Estados Unidos foi aterrorizada por um perigosíssimo casal e sua gangue, você provavelmente já viu falar deles, estamos falando de Bonnie e Clyde, o casal de bandidos mais famoso de todos os tempos.

Bonnie e Clyde se beijando

A história do casal de criminosos começou em 1930 quando Bonnie e Clyde se conheceram. Quando eles se conheceram se apaixonaram imediatamente, na época Bonnie, cujo nome era Bonnie Elizabeth Parker, era garçonete e estava casada desde quando estava prestes a completar 16 anos com Roy Thornton, mas seu marido estava preso por roubo, mas mesmo estando com Clyde, ela usou a aliança de casamento até sua morte. Ao conhecer Clyde começava a vida no mundo do crime de Bonnie.

Bonnie Elizabeth Parker
Bonnie Parker(à esquerda) e seu marido, Roy Thornton

Já Clyde Chestnut Barrow havia entrado no crime cedo, ele foi preso pela primeira vez aos 16 anos após fugir da polícia ao ser parado por ter alugado um carro e não ter devolvido à locadora, depois foi preso outra vez com seu irmão Buck por roubar perus de uma propriedade, ele seguiu praticando furtos e roubos.

Clyde Chestnut Barrow em foto de quando foi preso em 1926

Bonnie e Clyde nasceram em famílias pobres e na época em que se conheceram os Estados Unidos estava vivendo a Grande Depressão, crise econômica que arrasou a economia americana. Ele nasceu em 24 de março de 1909 e ela em 1 de outubro de 1910. Após se conhecerem, Clyde acabou preso por roubo de carro e passou dois anos na cadeia, onde passou por um tratamento horrível. Bonnie sempre o visitava e até levou um revólver para ele fugir da prisão. Clyde chegou a fugir, mas foi recapturado. Após sair da prisão em 1932, Clyde se uniu a Bonnie novamente. Mas após um assalto, Bonnie acabou presa e ficou dois meses na prisão. Depois, Clyde, Bonnie, o irmão de Clyde e outros bandidos formaram uma quadrilha, chamada de Barrow Gang. que tocou o terror nos estados centrais dos Estados Unidos, assaltando bancos, lojas e postos de gasolina e assassinando policiais e civis que se colocassem no seu caminho. A gangue de Bonnie e Clyde matou cerca de 13 pessoas em suas ações criminosas.

Bonnie e Clyde
Bonnie apontando uma arma para Clyde

Embora Bonnie apareça em fotografias segurando armas e fumando, ela não usava armas, não sabia atirar, nem fumava.

Bonnie com um revólver e um charuto na boca

Em 1934, a policia do Texas entregou o caso a Frank Hamer, um ranger de cinquenta anos. Ele elaborou um audacioso plano para capturar o casal. Pelo plano de Hamer a policia teria que convencer um dos criminosos cúmplices de Bonnie e Clyde a passar informações para a policia, e eles conseguiram, o criminoso Henry Methvin aceitou colaborar em troca do perdão de todos os seus crimes no estado do Texas.

Frank Hamer liderou a caçada final à Bonnie e Clyde

O informante contou a Hamer que o casal fazia várias viagens do centro do Texas até a fazenda da família de Methvin, em Louisiana.

Henry Methvin aceitou colaborar com a policia e entregou informações
que levaram às mortes de Bonnie e Clyde

Hamer montou uma equipe com cinco policiais destacados do Texas e de Louisiana. Eles montaram uma emboscada em uma estrada rural perto de Sailes, Louisiana e se esconderam atrás de arbustos durante dois dias a espera do casal. Historiadores dizem que durante a espera os policiais se desentenderam várias vezes sobre como deveria ser a abordagem, os policiais da Louisiana queriam dar a oportunidade de o casal se render, já os texanos queriam entrar para matar os dois. A opinião dos texanos saiu vencedora e em 23 de maio de 1934 eles interceptaram o carro do pai de Henry Methvin, que viajava à frente do casal, e obrigaram-no a parar o carro no acostamento da estrada. Alguns minutos depois apareceu o carro de Bonnie e Clyde, o famoso V8 cinzento. De tão tranquilos nem pareciam criminosos, ela comia um Sanduíche e ele estava dirigindo descalço. No carro traziam quatro espingardas de utilização militar, uma pistola e uma caixa com dez a doze armas diferentes. Ao verem o carro do pai de Methvin parado encostaram o carro, na sequência os policiais começaram a disparar uma rajada de tiros, uma das balas atingiu Clyde na cabeça e ele teve morte instantânea, eles se aproximaram do carro e Bonnie, que ainda estava viva, apenas gritava de dor, Frank Hamer aproximou-se e deu dois tiros à queima roupa e à matou. Hamer explicou porque matou Bonnie: “Odeio rebentar a cabeça a uma mulher, especialmente quando está sentada, mas se não tivesse sido ela, tínhamos sido nós”.

Carro de Bonnie e Clyde cheio de marcas de bala
Bonnie e Clyde mortos dentro do carro após emboscada da policia
Carro em que Bonnie e Clyde morreram
Multidão cerca o carro metralhado de Bonnie e Clyde

Há quem diga que foram disparados 187 tiros contra o casal.

Criminosos famosos, no funeral de Bonnie e Clyde compareceram centenas de pessoas.

Bonnie(à direita) e Clyde mortos
A jaqueta de Clyde cheia de marcas de tiro
Bonnie morta
No carro de Bonnie e Clyde foram encontradas muitas armas e munições
Os seis policiais que mataram Bonnie e Clyde

O casal de criminosos virou uma lenda e personagem de cinema e em 1967 foi produzido o filme Bonnie e Clyde - Uma Rajada de Balas, que foi um sucesso, sendo indicado a 10 Oscars, dos quais ganhou dois e faturou U$ 70 milhões de dólares de bilheteria. A Netflix também produziu um filme em 2019 sobre a dupla.

terça-feira, 7 de julho de 2020

A seita Templo do Povo e o maior suicídio em massa da história

Em 1955, o americano Jim Jones criou em Indianápolis, estado de Indiana, nos Estados Unidos, o Templo do Povo dos Discípulos de Cristo(Templo do Povo), uma seita cristã com ideais socialistas, que pregava a igualdade racial. Em 1965, Jones começou a transferir a seita para a Califórnia e em 1972 mudou a sede para São Francisco, ele criou vários locais de culto no estado. A seita cresceu muito desde sua fundação e, segundo estatísticas dela mesma, chegou a ter mais de 20 mil membros, 70 a 80% eram afro-americanos pobres, inclusive manteve relações com políticos da esquerda americana, a primeira-dama Rosalynn Carter, por exemplo, encontrou-se várias vezes com ele.

Jim Jones, o fundador e líder da seita Templo do Povo
Jim Jones

Em 1973, a seita se viu mergulhada em denúncias feitas por desertores e surgiram relatos de ex-membros de que haviam planos e simulações de suicídio coletivo.

Buscando fugir dos holofotes da imprensa, Jim Jones resolveu sair dos Estados Unidos, ele conseguiu autorização do governo da Guiana para instalar um projeto agrícola no meio da floresta amazônica. Em 1974, ele arrendou terras na Guiana, próximo a Port Kaituma. Ele pretendia criar uma comunidade agrícola autossustentável no lugar e em 1977 chegaram os primeiros 50 residentes, em 1978 já eram mais de 900, 68% eram afro-americanos.

Localização de Jonestown, na Guiana
Casas em Jonestown

No entanto, o lugar não era adequado, pois tinha o solo pobre e havia escassez de água, o lugar era considerado superpovoado devido a escassez de recursos nas proximidades para manter tanta gente.

Jim Jones
Negros eram a maioria dos membros da seita Templo do Povo / Imagem: Nancy Wong
Jim Jones recebendo o Prêmio Humanitário Martin Luther King Jr.
 do pastor Cecil Williams, em 1977

Preocupados, parentes de membros da seita procuraram o deputado federal da Califórnia Leo Ryan. Ele conseguiu autorização do congresso e fez uma viagem para a Guiana levando consigo uma comitiva da qual fazia parte repórteres, eles iriam ver pessoalmente a situação dos mais de 900 americanos integrantes da seita que viviam em Jonestown, haviam denúncias contra Jones, como sequestro de crianças filhas de ex-membros da seita e de que as pessoas eram mantidas sob ameaça e na miséria em Jonestown.

O deputado Leo Ryan foi assassinado pela seita Templo do Povo

Após ser muito bem recebido em 17 de novembro de 1978 e ter tido uma boa impressão do lugar, no dia seguinte alguns membros desertaram e pediram ajuda ao deputado para voltar aos Estados Unidos, à tarde Ryan acabou sendo atacado a faca e resolveu ir embora. Quando Leo Ryan e sua comitiva estavam na pista de pouso de Port Kaituma foram atacados a tiros por seguranças de Jim Jones. Ryan e mais quatro pessoas, incluindo uma mulher que desertou da seita, morreram.

O avião em que Leo Ryan e sua comitiva embarcariam e foram atacados a tiros / Imagem: David Hume Kennerly

Suicídio

Mais tarde em Jonestown, Tim Jones e outros membros passaram a defender que todos cometessem suicídio. Em uma gravação de áudio encontrada pelo FBI, Jones disse para os membros da seita que após os assassinatos do deputado Leo Ryan e repórteres a União Soviética não iria mais levá-los para lá. Jones havia negociado um êxodo com os soviéticos que deveria ocorrer em alguns meses. Jones chamou o ato de "suicídio revolucionário".

Corpos ao redor do pavilhão principal de Jonestown / Imagem: David Hume Kennerly

Quando os membros gritaram, Jones disse: "Parem com essa histeria! Este não é o caminho para as pessoas que são socialistas ou comunistas morrer. Este não é o jeito que nós vamos morrer. Devemos morrer com um pouco de dignidade." Ele disse ainda que "não tenha medo de morrer", porque para ele a morte é "apenas uma passagem para outro plano" e que ela é "uma amiga". No final da gravação ele diz que "Nós não cometemos suicídio; cometemos um ato de suicídio revolucionário para protestar contra as condições de um mundo desumano.".

Corpos dos membros da seita Templo do Povo / Imagem: David Hume Kennerly
Corpos dos membros da seita Templo do Povo / Imagem: David Hume Kennerly
Corpos dos membros da seita Templo do Povo / Imagem: David Hume Kennerly

No total 909 habitantes de Jonestown, entre eles 304 crianças, morreram envenenadas, eles tomaram cianeto. Além das pessoas mortas em Jonestown e dos cinco mortos da comitiva do deputado Leo Ryan, outros quatro membros da seita foram mortos na capital da Guiana, Georgetown, por ordem de Jim Jones, totalizando 918 mortos.

Corpos dos membros da seita Templo do Povo / Imagem: David Hume Kennerly
Corpos dos membros da seita Templo do Povo / Imagem: David Hume Kennerly

O suicídio coletivo tinha sido ensaiado em eventos de simulações chamados "Noites Brancas".

Jones morreu com um tiro na cabeça, acredita-se que foi suicídio.

Corpos dos membros da seita Templo do Povo / Imagem: David Hume Kennerly

Suicídio ou massacre

Embora o caso tenha ficado conhecido como um suicídio coletivo existem muitas dúvidas sobre se o que aconteceu foi realmente suicídio. Muitos acreditam que o que ocorreu foi um massacre. Segundo o primeiro médico que atendeu a ocorrência, a maioria das pessoas foram assassinadas, porque 83 das 100 vítimas que ele examinou tinham perfuração de agulha por trás dos ombros, o que indica que o veneno foi injetado contra a vontade. Além disso, sobreviventes disseram que ouviram gritos e tiros quando estavam escondidos na floresta e que guardas armados impediram a fuga de quase todos que tentaram fugir.

Copos e seringas, muitos acreditam que as seringas foram usadas para injetar o veneno 
de forma forçada nas pessoas / Imagem: Reprodução

O evento de Jonestown é o maior suicídio coletivo da história moderna e foi o maior evento que resultou em mortes em massa de civis americanos até os atentados de 11 de setembro de 2001.

Segundo o fotógrafo David Hume Kennerly, este é o corpo de Jim Jones, o líder da seita /
Imagem: David Hume Kennerly

Após as mortes em massa, Jonestown foi completamente abandonada e recuperada pela floresta.
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