quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

O Casarão da Serra Negra, a lenda de um dos mais temidos coronéis do nordeste

Você talvez nunca tenha ouvido falar de Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar, mas ele foi um dos maiores coronéis do nordeste durante o Brasil colônia, Luis Carlos viveu no Piauí e sua história é um grande mistério que vamos revelar para você neste texto.

Um coronel temido por todos, escravagista, macabro e cruel, assim era Luis Carlos, ele era membro da junta governativa do Piauí, vivia em sua fazenda, chamada Serra Negra, localizada no hoje município de Santa Cruz dos Milagres, vizinha a então capital do Piauí, Oeiras, lá construiu um grande casarão que hoje as pessoas da região dizem ser mal assombrado pelas almas dos escravos que possuía e torturava, além de inimigos que, de tamanha crueldade, segundo lendas locais, ele dava para onças comerem ou jogava em um poço.

O casarão na fazenda Serra Negra, lugar reúne lendas de um dos mais temidos coronéis do nordeste

As lendas sobre Luis Carlos indicam que ele era  tão perverso que o nome da fazenda Serra Negra vem de uma de suas crueldades, segundo a lenda Luis Carlos serrou, ainda viva, em um ritual de tortura, uma escrava negra que fugiu após lhe negar caricias exclusivas.

“Eu não fico aí dentro. Aí tem fantasma dos negros que foram torturados”, disse um funcionário da prefeitura de Santa Cruz dos Milagres ao visitar a casa.

O casarão da fazenda Serra Negra, lugar está abandonado

Acredita-se que o casarão foi construído no século 18(1766), tem paredes de quase um metro de largura e madeiramento de telhado de carnaúba, característica das construções da época.

Inscrição em pedra do casarão indica que a construção foi feita em 1766

Em frente ao casarão, do outro lado da estrada de terra da fazenda, existem ruínas de pedra que para a população local era um antigo curral de criação de onças. Segundo contam lendas locais, o dono da fazenda criava ali animais selvagens para intimidar eventuais levantes de escravos rebeldes e punir condenados.

Ruínas de pedras na fazenda Serra Negra pode ter sido um curral para criação de onças
ou uma muralha para servir como proteção para a casa

Mas segundo estudos do arqueólogo Abrahão Sanderson, da UFPI, as ruínas de pedra eram fortificações para garantir segurança contra eventuais ataques à propriedade em tempos nos quais disputas de territórios – e questões pessoais- eram resolvidas na bala. Segundo ele, há documentos que demonstram que Luís Carlos mantinha ali dezenas de homens fortemente armados.

O interior do casarão

Sobre ele pairam também histórias de assombração de um tempo de forte presença da Inquisição nas colônias portuguesas. Na casa da Serra Negra há uma capela dedicada a uma santa, que teria sido trazida de Portugal, e que se transformou em Santuário de Santana, até hoje cultuada no casarão.

O casarão da Serra Negra, as pessoas acreditam que o casarão é mal assombrado por espíritos dos escravos torturados por Luis Carlos ou ele mesmo, inclusive gritos já foram ouvidos no local na escuridão da noite

Contam as lendas regionais, no entanto, que o próprio Luís Carlos tinha pacto com o demônio. E que na propriedade teriam ocorrido rituais de bruxaria.

Quando morreu, assassinado em uma emboscada, o corpo do coronel sumiu durante o transporte para o enterro. Teria sido levado por adeptos de uma seita secreta que abordaram os escravos que o levavam em uma rede pela estrada. Jamais foi encontrada a sepultura de Luís Carlos.

Casarão da fazenda Serra Negra, lugar de muitos mistérios

Descendente diz que Luis Carlos é herói

Mas se as lendas dizem que Luis Carlos era cruel e satânico não é o que pensa um de seus descendentes, Lossian Barbosa Bacelar, professor do IFPI, diz que Luis Carlos não era nada disso e que, na verdade, ele é um herói:

"--Nas fontes primárias nunca li qualquer relato sobre torturas. Alguns escravos de Luís Carlos eram seus companheiros de armas. Como jovem capitão das milícias foi preso em São Luís-MA junto com alguns deles. Um escravo amigo de Luís Carlos, enviado por sua mãe, morreu nas mãos dos soldados do governador. O único registro concreto de valentia de Luís Carlos, registrado pelo Governador D. João de Amorim Pereira, foi ter prendido alguém que surrou um de seus escravos. O Regente Dom João legitimou três filhos que Luís Carlos teve com a mestiça Narcisa Pereira e, ao falecer, Luís Carlos deixou testamento igualitário entre eles e os dois outros filhos nobres do casamento que teve com Luzia Perpétua Carneiro de Souto Maior Bacelar. Luís Carlos foi um desaparecido político. Foi o homem que libertou o Piauí do Estado do Maranhão em 1811, tendo sido o seu primeiro governante, de fato e de direito. Seus filhos naturais foram perseguidos e, alguns, mortos. Seu testamento foi anulado e, o seu inventário, desfeito. O sistema escravocrata precisava demonizá-lo. Foi a “Maldição de Cam” do meio norte brasileiro. A verdade sobre Luís Carlos e seus descendentes naturais aparecerá agora. É uma história heroica, mas com sofrimento excessivo. Fica muito triste. O casarão foi um quartel e ao mesmo tempo, casa de Luís Carlos, o qual era, literalmente, um autêntico senhor feudal."

Um patrimônio histórico de valor inestimável, o local está abandonado

Se Luis Carlos é herói ou não talvez nunca teremos certeza, mas nas lendas populares ele deve continuar sendo lembrado como um homem cruel e macabro.

2 comentários:

  1. O nome da viúva era LUZIA PERPÉTUA CARNEIRO DE SOUTO MAIOR BACELAR. Convém ler DEMONIZAÇÃO E MITIFICAÇÃO DE LUÍS CARLOS DA SERRA NEGRA. Ou HERÓIS DO JENIPAPO. Ou ler mais coisas no site pyaugohy.

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  2. Gostei da Historia, alguém tem as coordenadas geográficas do casarão??

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